domingo, 6 de novembro de 2011

Balanço da invasão da FFLCH

Venho vendo textos muito bons defendendo os dois lados.
Acho que a luta desses estudantes na USP é válida por aquilo que eles estão defendendo, que ao contrário do que a maioria pensa, não é apenas a saída da Pm da USP, tem muita coisa por trás.
Mas o problema é exatamente esse. O assunto que a grande mídia pega para explorar é apenas o dos maconheiros que querem a PM fora do campus. Enquanto na verdade eles pregam contra a "eleição" do Reitor João Grandino Rodas, que foi escolhido para o cargo pelo governador na época José Serra, Este reitor é acusado de corrupção, e muitas outras polêmicas. A história dele assinar um contrato que dá maior autonomia para PM dentro do campus, é vista por estes estudantes como forma de garantir que não hajam protestos contra o reitor dentro do campus.
Apesar de achar que a luta deles é válida, sou contrário aos métodos adotados por eles para tais reivindicações. Primeiro porque começou pela revolta na história dos garotos que portavam maconha. Não tem o menor cabimento começar um protesto com uma revolta contra algo que segue a lei, e que a maioria da sociedade julga como certo, a repreensão ao uso de maconha. Talvez, se eles não tivessem começado por isso, conseguissem uma maior legitimação no movimento. Outros fatos como cobrir rostos com camisas, também não dão a publicidade ideal para o movimento, pelo contrário estimulam a antipatia de quem não está por dentro do que acontece diariamente dentro da USP, ou seja, a maioria da sociedade. Além do uso de violência que é totalmente repreensível. Ainda mais vinda de gente que recrimina e diz sofrê-la por parte da polícia.
Há outros pontos que só quem está no local pode levantar e listar. Por isso transcrevo um texto de um professor da própria FFLCH, que testemunhou a ocupação do prédio da administração da faculdade:

Texto de autoria do professor Mario Viaro, da Letras-FFLCH

Estive há pouco na Administração da FFLCH e seria interessante se alguém da “falange” (como gostam de se denominar) respondessem às seguintes questões que não são só minhas:

* Há de fato ética num movimento que usa uma aluna-estagiária que conhece os meandros e o funcionamento, bem como dispõe da confiança dos colegas funcionários, para abrir portas de gabinetes?

* Há de fato ética num movimento que deleta sindicâncias e processos administrativos nos computadores, deixando os funcionários responsáveis desesperados por que terão de responder por isso?

* Há de fato ética num movimento que depreda uma copa, fazendo pipocas em cafeteiras, rouba xícaras e outros pertences, estraga troféus e deixam toda a confusão (que era monstruosa) para as faxineiras resolverem?

* Há de fato ética num movimento que atrapalha o pagamento dos setores terceirizados, o mesmo que foi mobilizado tão recentemente, dando oportunidade para a fonte pagadora justificar o calote?

* Há de fato ética num movimento que rouba celulares e tudo o mais que havia no armário de achados-e-perdidos “menos livros e cadernos ” (comentário irônico de um dos funcionários, visivelmente desesperado).

* Há de fato ética num movimento que intimida funcionários, por pura paranoia de ser reconhecidos. Um deles comia uma maçã e foi violentamente abordado por um integrante que pensava que estava filmando. Outra, grávida e responsável por documentações confidenciais, foi intimidada na entrada, como tantas outras, pois exigiam identificação, embora eles mesmo não se identifiquem.

* Há de fato ética num movimento que retira bancos de concreto para fazer barricadas e deixa-os para que os próprios funcionários os recoloquem?
Passando em frente à reitoria, fechada com um bunker, encontra-se o grupelho remanescente, abandonado por todos (não havia viva alma apoiando-os como das outras vezes), votos vencidos em assembleia, deprimentemente abandonados ao léu.

Que não haja confronto violento é o meu voto, mas que respondam por tudo que fizeram é a minha vontade (e de toda a população que não financia uma universidade pública para ser depredada pelos seus próprios integrantes). Que as cabeças deles sejam as de verdadeiros indivíduos e não de massa de manobra de qualquer liderzinho, usando-os num exercício de doutrinação para lá de anacrônico.

Parabéns, “revolucionários”, vocês conseguiram colocar aluno contra aluno, funcionário contra aluno, professor contra funcionário etc. E toda a sociedade contra nós. Nenhum tirano teria maior sucesso em dividir para governar. O problema é que vocês não governam. Ainda bem que existe democracia (ainda).

Um comentário:

  1. Tudo deve ser feito dentro da ordem, isso é um regresso! As "Maria vai com as com as outras" estão sendo usadas para dar volume ao movimento. Desordeiros e alguns filhinhos de papai rebeldes sem causa que nunca foram ouvidos chegaram a um lugar onde uns e outros que se dizem conhecedores dos direitos dos estudantes "lavam" a mente deles para conseguir seus ideais, bagunça e discórdia. Não vivemos em uma democracia? Não é verdade que a maioria quer a polícia lá? Eles não são os donos da USP, tudo deve ser decidido em conjunto, no entanto eles fazem as próprias regras e dane-se as outras!

    ResponderExcluir