sábado, 28 de maio de 2011

Messi, guardadas as devidas proporções

"O Hernanes, guardadas as devidas proporções lembra o Falcão."
"O Messi pode vir a ser o melhor jogador que esse mundo já viu, porque o Pelé não é desse mundo."
"Esse Barça é impressionante, lembra o Santos de Pelé, mas o Santos era ainda mais impressionante!"
"-O Fenandinho não tem jogada, só corta pra um lado! -E o Garrincha também era assim. -Ah, mas era o Garrincha né!"

Essas entre outras frases representam bem o momento do jornalismo esportivo hoje em dia. O Barcelona acaba de ser campeão da Champions League, mais uma vez! O time não tem uma posse de bola menor que o adversário a 3 anos. Seu 10 é o melhor jogador do mundo pela 2º vez consecutiva. Seu plantel é a base da seleção campeã do mundo em 2010. E o que dizem os comentaristas? "Ah, mas o Santos ainda jogava mais!"

Gostaria de falar sobre o futebol em si. Para quem adora esse esporte, o considera uma arte. Muitos artistas de várias artes so tiveram suas obras reconhecidas ou valorizadas no fim da vida ou após sua morte, é o caso de Van Gogh, Gauguin, Karl Marx, Aleijadinho, etc. Mas a arte em que mais prevalece isso é com certeza futebol, e uso a primeira frase das que citei no começo do texto pra mostrar isso. Falcão se tornou o Rei de Roma, ao levar o time do mesmo nome da cidade, a conquista do Scudetto, quando ninguém botava fé no time romanista, mas duvido que quando ele estava no Internacional, já sendo um grande jogador, alguém o comparava com um grande volante anterior a ele sem usar a manjada frase "guardadas as devias proporções". Hoje, Hernanes é o grande destaque da Lazio, já era um ótimo jogador da época de São Paulo, mas os saudosistas insistem em comparar um com o outro, colocando Falcão, Pelé, Maradona num pedestal insuperável.

O argumento desses, é dizer que antes o futebol era bem mais difícil, pois não contava com uma medicina esportiva tão avançada e os materiais esportivos eram pesados e quase amadores, assim como o campo (leia-se pasto). Mas eu utilizo esse mesmo argumento para dizer o contrário, se antes era mais difícil pra todo mundo, hoje é mais fácil pra todo mundo! Não vemos hoje os zagueiros lentos e que ficavam esperando até levarem canetas seguidas de Pelé e Garrincha. Pelo contrário, hoje é bem mais difícil fazer uma jogada impressionante, como as que fazem Messi, e a pouco tempo fazia Ronaldinho Gaúcho e Ronaldo Fenômeno. Lembro de um chapéu triplo do Gaúcho na época de Bacelona (de novo), onde a visão e habilidade dele são de outro mundo (como o Pelé). Hoje o jogador precisa de força física e habilidade pra se destacar, muito mais que no passado, que como os artigos esportivos e medicina esportiva, também estavam mais pro amadorismo.

Outra coisa que pesa, é a cultura passada de geração em geração de que Pelé foi o maior do mundo, assim como se passa a torcida por um clube do pai para o filho. A maioria das pessoas que falam sobre Pelé, nem viram ele jogar. Só viram lances cortados, de suas melhores jogadas, igual essas que agente vê no youtube quando procura por um jogador. E os que viram eram jovens (Se o Oscar Niemeyer falar sobre o assunto, eu posso até mudar de opinião). Digo isso, porque tenho pra mim, como um dos maiores times do São Paulo (meu time), o campeão mundial de 92/93, onde eu tinha apenas 6 anos. Isso é comprovado, quando crianças ou até jovens somos muito mais fantasiosos. E nada mais motivo de fantasias do que o próprio futebol.

O que quero dizer é que pra mim, o melhor caminho era não haver comparações. E isso não porque os do passado estão no Olimpo como deuses e nao podem ser tocados. O futebol mudou, e vem mudando, assim como o mundo todo. Comparar o futebol do passado com o de agora é como comparar duas coisas completamente diferentes. Fazer tais comparações nos fazem cair no ridículo. Rivelino tinha a patada mais atômica que o Roberto Carlos. Roberto Dinamite tinha o chute mais forte que o de Adriano. Zico batia falta melhor que Rogério Ceni. Rei Pelé não pode ser alcançado por Messi...



Nenhum comentário:

Postar um comentário